Tudo bem, in the rain!

Tudo bem, in the rain! ( quase um diário de bordo)

21 de novembro

Tive de fazer o Enade, fui para Praça VII em Belo Horizonte, e ouvi longe um melodia conhecida tocada por aquelas flautas bolivianas ( ou chilenas nunca sei ao certo). A música era Yesterday dos Beatles,  pensei, amanhã eu vou ver o show do compositor dessa música e ele com certeza vai tocá-la ( ainda não havia visto o set list, mas essa musica não iria faltar nunca).

Fiz a prova, depois fui até o Stonehenge para tocar no 1º Festival Stonerock, sai de lá com a cabeça no estádio do Morumbi, alguns amigos já estavam lá esperando o começo do show do Paul  McCartney! Eu iria sair de belo Horizonte às 23:30 rumo a São Paulo para assistir o 2º show da Up and Coming tour!

22 de novembro, dia do músico ( dia de Sta Cecília) 

Cheguei em São Paulo e começamos o planejamento de como chegar no Morumbi, o Léo Alencar tinha marcado de encontrar com uns amigos para irmos juntos para o show. Durante o tempo em que íamos pro estádio fizemos algumas coisas menos importantes naquele dia como tomar café da manhã,  almoçar, etc...

No momento em que juntamos a turma pegamos o ônibus e lá fomos. Quando estávamos nas imediações do Morumbi eis que surgiu um novo personagem na história, uma garoa mega turbinada. Adquiri uma daquelas super capas de chuva que são ótimas - para os caras que vendem; fui pra fila.

Chove, Chove e Chove!

A fila anda, galera fura fila, o policial revista, o cara da roleta coloca o ingresso no leitor de código de barras e a entrada é liberada.

Chove, para, Chove de novo e depois chove mais um pouco, mas ainda existiam algumas partes secas no meu corpo como a língua.

De repente o telão começa a mostrar umas imagens coloridas da trajetória de uns caras de Liverpool que montaram uma bandinha um tempo atrás, partituras, palhetas, guitarras, cartazes de show em um tal de Cavern Club, imagens psicodélicas. Um certo nervosismo  controlado e disfarçado começa a tomar conta de algumas pessoas no estádio, de repente o vídeo para! e um camarada começa a entrar no palco com um baixo hofner igualzinho, idêntico mesmo ao que passou no telão e que era de um dos carinhas lá de Liverpool, nesse momento começa uma gritaria, aplausos e o cara fica lá falando fora do microfone e acenando pra galera acho que ele não sabe como funciona o microfone direito deve ser novo nesse lance de show. Fico pensando hoje em dia eles imitam tudo mesmo copiaram o baixo igualzinho, aposto aquele baixo é coreano. Então o povo grita Pô, Pô, Paul, Paul, Paul, Paul – como assim Paul, já é o Paul? Primeiros acordes sem uma palavra no microfone, umas imagens psicodélicas no telão e Magical Mistery Tour – Acho que ai quase caiu a ficha de que aquele instrumento e aquele cara se conheciam há muito tempo e que aquele baixo não era enfim uma imitação.

De repente Sir Paul McCartney estava no palco cantando “as canções que a gente quer ouvir”( Tavito - Rua Ramalhete) e tentando falar em português, “Tudo bem? – Vocês São Maravilhosos!Ótimo, ótimo! Chove Chuvaaa” – Como assim chuva do que ele está falando, hoje choveu?

Paul McCartney é uma lenda, um mito, um cara que não precisa provar mais nada pra ninguém, mas como disse o Léo Alencar “ ele toca como se ainda tivesse que provar“. Toca Baixo, violão, guitarra, piano, bandolin, Ukulele e é extremamente simpático com o público.

O show é quase inacreditável – e não é só pela presença de um ex-beatle -  que eu achei que não fosse ver pois consegui o ingresso aos 45 do segundo tempo - tudo é muito bem feito, som, luz, iluminação , efeitos pirotécnicos.

Muito legal demais da conta mesmo!

Set List

MAGICAL MYSTERY TOUR

JET

ALL MY LOVING

LETTING GO

GO TO GET YOU INTO MY LIFE

HIGHWAY

LET ME ROLL IT

LONG AND WINDING ROAD

1985

LET ME IN

MY LOVE

I’M LOOKING THROUGH YOU

TWO OF US

BLACKBIRD

HERE TODAY

BLUEBIRD

DANCE TONIGHT

MRS VANDERBLIT

ELEANOR RIGBY

SOMETHING

SING THE CHANGES

BAND ON THE RUN

OBLA DI OBLA DA

BACK IN THE USSR

I GOTTA FEELING

PAPERBACK WRITTER

A DAY IN THE LIFE

LET IT BE

LIVE AND LET DIE

HEY JUDE

DAY TRIPPER

LADY MADONNA

GET BACK

YESTERDAY

HELTER SKELTER

SGT. PEPPER/ The End

Fonte - http://www.sidneyrezende.com

Em um momento do show rolou uma brincadeirinha do Paul “tudo bem, in the rain, tudo bem...” acho que ele deve até fazer uma musica com esse scat!

Quando o show acabou me veio uma vaga lembrança da chuva, mas realmente estava tudo bem in the rain.

Ainda há Esperanza!

Ainda há Esperanza!!!!!

O Helder falou para eu escrever um post para o blog da Kundum, pensei comigo, estou sem tempo de escrever para o meu blog e ainda vou escrever para o blog da Kundum? Mas ele mesmo sugeriu um tema e como eu pirei com essa moça, resolvi escrever! ( Lógico que vou postar no meu blog também )

Sabe quando você tem a sensação de que é o ultimo a ficar sabendo de uma coisa!!! Então, me senti assim um dia que fui falar com a galera sobre a Esperanza Spalding. Cheguei no entusiasmo de que havia descoberto como transformar chumbo em ouro e o pessoal já conhecia, também 125% dos meus amigos são músicos de alguma maneira, então a galera tá antenada; mas para o pessoal que não conhece...

Esperanza Spalding é uma contrabaixista e cantora norte americana, que mistura jazz, musica brasileira, soul e cria uma linguagem musical autêntica, fiquei realmente fascinado pelo trabalho dela assim que assisti o vídeo da música I Know you Know, imediatamente mandei o link para uma galera, foi ai que descobri que já haviam inventado a roda e eu todo feliz achando que era o primeiro a saber.

Ela já tocou com grandes nomes do jazz como Mike Stern, Michel Camilo, Pat Metheny

O interessante na biografia dela é que ela começou a tocar contrabaixo meio que por acaso, diz a “lenda” que estava tendo aula de violino, ficou meio entediada e saiu da sala ai encontrou em uma outra sala de música um contrabaixo encostado, pegou e já saiu tocando, ela diz que a paixão pelo Baixo “foi como acordar um dia e descobrir que está apaixonda por um colega de trabalho”, depois disso ela fez o teste pra Berklee só por fazer e passou. Ganhou bolsa integral, mas não tinha como se manter em Boston, ai rolou a “vaquinha” dos amigos e lá foi a Esperanza.

Com uma musicalidade latente, caliente conseguiu vários prêmios e muito trabalho para se manter. Hoje é uma das professoras mais novas da Berklee.

Em 2006 lançou seu primeiro álbum “Junjo” onde ela toca musica de Gismonti, Chick Corea além de musicas próprias, o disco é essencialmente instrumental.

No segundo disco Esperanza(2008) ( foi nesse que eu pirei)  ela canta Vinicius de Moraes, Milton Nascimento entre outros, nesse disco tem essa versão sensacional de Ponta de Areia.

Em 2010 ela lançou o disco Chamber Music Society, que mais uma vez flerta com musica brasileira e outros estilos, Esperanza diz “que não quer ser rotulada como um músico do sexo feminino,  e também que não quer ser categorizada como uma artista de um gênero, no caso o jazz, ela prefere manter suas opções abertas sobre com quem grava e ter a oportunidade de alcançar as pessoas que podem não estar familiarizados com o jazz”

Este post foi escrito para o blog da Kundum - acesse www.kundum.com.br

Luciano Soares